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Minhas pernas exaustas imploravam por descanso. Sentei-me, envolvida pelas notas agudas da guitarra. Eu suava, tinha gritado, pulado e cantado as músicas da GBB. GBB, boa banda, bom som, bom guitarrista, muito bom. Especialmente bonito. Feito sob medida, todos os traços de seu lindo rosto eram um convite para que minhas mãos o acariciassem. Esquece. Não vale a pena sonhar com ele. Tomei do refrigerante já sem gás. Meio amargo, não, não era refrigerante. Milhares de pessoas se espremiam, respirando uma só nuvem de ar. O calor me incomodava. A batida acelerada da bateria foi substituída por uma música lenta, de uma cantora de voz estridente, os vultos se moviam lentamente, disputando espaço. Estava mais escuro, ou era minha tontura que escureceu minha visão?

-Posso me sentar a seu lado? -vozes como esta me faz sentir arrepios, principalmente com o calor das palavras tocando meu pescoço, então afirmei com a cabeça. Minha visão embaçada do todo não me ajudava a distinguir feições, mas aquela era inconfundível. Todos os anjos tocam um instrumento celestial, o meu tocava guitarra. Sorri desnorteada e acenei com a cabeça. Ele sentou suavemente, perto o bastante para que eu pudesse sentir seu calor. Estremeci.

-Refrigerante? – ele apontou pro meu copo

-Não tenho certeza. – pegou o copo da minha mão e aspirou o perfume do líquido.

-Vodcka.

-Opa. – solucei como uma boba. – Acho que já está na hora de ir para casa... – cambaleei até a saída, empurrando as pessoas a minha volta, tropecei nos meus próprios pés desengonçados, eu não podia controlá-los, eu ia cair. Senti uma mão passar pela minha cintura.

-Quer ajuda? – me deu um sorriso ardente, acompanhado de um par de olhos atrativos. Meus músculos relaxaram e meu corpo todo se transformou numa solução maleável, deixei que o rapaz forte me carregasse.

Entramos num Impala 67, com bancos de couro brilhante. Um carro com um aroma agradável. Fui colocada no carro como uma criança.

-Sabe onde é minha casa? – perguntei desafiadoramente.

-Eu esperava que me dissesse. – ele rebateu.

-É melhor que eu vá sozinha, não quero incomodá-lo – o guitarrista dos meus sonhos estava querendo me levar em casa e eu estava querendo fugir, é isso?

-Eu ainda tenho tempo pra fazer uma boa ação – deu uma piscada charmosa.

Conversamos durante o percurso inteiro, ri, disse coisas indevidas e culpei a Vodcka. E então o Impala freiou e de repente eu estava no portão da minha casa. Com um garoto encantador a minha frente.

-Bom, está em casa. – sorriu.

-Obrigada, meu herói... – tapei minha boca, estabanada!

-Herói? – soltou uma risada. – Bom, então de nada.

Ele me deu um beijo estalado na bochecha. Tropecei. Foi então que meus lábios se tornaram dele. Pude sentir todos seus sabores misturados a Vodcka. Movíamos-nos num movimento sincronizado. Por um instante ele me fez sentir completa.

Abri meus olhos por um instante e eu estava sozinha, no silêncio de um quarto coberto pelo breu da noite. Ninguém além de uma garota procurando um guitarrista. James. “Foi um sonho?”. Minha mente martelava a mesma pergunta. “Sonho?”. Meu coração batia no ritmo da minha mente confusa. “Sonho?”. Os raios de sol entravam pelas brechas da minha janela. “Sonho?”. Eu iria descobrir com ele. Ou aumentar minha reputação de louca, talvez. Minhas veias pulsavam a procura de uma única resposta.

Foi mais um sonho?

(Vivian Fernanda + Letízia)

  1. Sonho ou realidade?

    Bom demais.

  1. adorei o texto e o blog também!!! Muito bacana!
    Bem, quando puder, faz uma visitinho no meu blog também, viu?
    beijocas.

  1. ' qê lindo o texto e o bloog *-*
    te seguiindo, beeijo.

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