Em dias de domingo


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Esse texto surgiu de uma conversa com um amigo apaixonado que possui muitas dúvidas...

O brilho das estrelas roubou nossas palavras, então ficamos olhando para elas e rabiscando sonhos.
O tempo corria sem direção, e os instantes voavam ao lado dela. E cada vez em que eu mergulhava em seus olhos castanhos, eles roubavam a minha respiração, me faziam enxergar que ela é tudo o que eu sempre quis, e a graça do seu sorriso sempre me fazia flutuar pelo espaço.
Eu não sei descrever o que eu sinto por ela, porque miúdas palavras não mostram as grandezas de significados nos quais ela se encaixa perfeitamente. As vezes acho que minhas palavras resbalam demais. Deve ser seu sorriso perfeito que me desliga do mundo ou sua constante expressão de delicadeza que me encanta.
Tentei buscar letras em todos os cantos do céu, formações de letras em todas as estrelas, para dizer-lhe o quanto eu a amava, mas vejo que palavras já não constam no meu vocabulário. Tentei falar três palavras de sete letras, mas não achei língua, ela tinha se escondido com a voz. Era só eu e coração. O último quis saltar pra fora, mas por pouco não escapou. Eu não queria que ele pulsasse mais rápido, ela poderia querer saber daonde vem esse samba e eu não saberia responder.
Mas porque nós dois estavávamos sentados, olhando para o céu? Como chegamos até ali?
Minha cabeça transbordava perguntas sem respostas e eu ficava cada vez mais ansioso e aflito por não saber a resposta. Fiquei cercado em um mundo de mil possibilidades que talvez me levassem até ela.
Nunca disse isso a ninguém mas... Admito que ao lado dela o mundo em minha volta se apaga e eu só consigo pensar nela, só consigo enxergar ela, só consigo sentir ela.
A resposta da primeira pergunta devia ser: acho que ela gosta de mim! Ou talvez ela só seja minha amiga e goste da minha companhia.
Respirei fundo e achei que era a hora. Segurei firmemente a mão dela e atropelei várias frases em que surgiram instantaneamente de minha cabeça e finalmente falei...
- Eu te amo...
Ela jogou um olhar confuso sobre mim, mas eu continuei falando palavras doces, até que... Ela sorriu encabulada e me interrompeu selando um beijo.

Acho que enxerguei as coisas com mais graça na manhã de segunda. Estou bem. Minto. Estou perfeitamente bem. Graças a ela.

(Vivian Fernanda)

Passou, caiu, chorou.


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Ao ler, eu sei que ela vai chorar

Tudo começou rápido demais para que eu conseguisse entender a situação, sempre as palavras resolvem me abandonar e tenho que pensar sozinha.

Não era novidade chorar daquele jeito. Ao meu ver, gostava. Gostava de esvaziar as idiotices inventadas por quem não quer nada com a vida. Se importava com elas, não era segura de si. A sua vida até então, lhe trazia lembranças ruins que a memória não consegue apagar e o coração cada vez mais se sente como uma borracha, entregue as mãos de um ser que a usa para apagar seus erros. E de tanto que é usada, fica menor, fraca, suja, pequena.


Quando a vi, não consegui entender, acreditar. A máscara de uma pessoa firme e forte que estava colada em sua face tanto tempo, tinha caido. Chorava tanto que parecia que o mundo ia desabar. Foi aí que entrei em cena. Senti necessidade de conversar com ela, então fui em frente. Tentei acalmá-la de todas as formas possíveis. Eu sabia que era difícil amenizar essa sensação. Sensação de desgosto, cansaço, de querer juntar todas as suas coisas inúteis e jogar tudo em uma bolsa pra pegar um avião e morar em um lugar que te deixem em paz, aonde você não é zoada por pessoas imaturas que só te fazem mal, um lugar em que você possa fechar os olhos e respirar ar puro, e não sentir um gosto amargo que escorre dos seus olhos que caminham até a boca pela boca.

Sim, ela que ser notada. Mas ela não quer ser vista de uma forma ruim, quer ser ela mesma sem precisar de máscaras que a vida lhe ensinou a construir em alguns anos atrás. O que ela mais quer agora é viver. Viver livre, viver sem precisar se importar com a opinião dos outros. Dormir e acordar com o sorriso estampado na cara, e não com um sorriso invertido.

"Pensava diferente de tudo que um dia pensou, olhava pra rua, andava para frente, sentia carente, voou" (Banda Abril).

(Vivian Fernanda)